A
coisa está se complicando. No cenário internacional, isto é bastante
claro. Alguns exemplos: na África, além dos conflitos de sempre, a troca
de cotoveladas entre as potências e seus respectivos capitais. Na Ásia,
a escalada de ofensas e mobilização militar de Estados Unidos, Coréia
do Sul e Coréia do Norte. No Oriente Médio, a continuidade do conflito
na Síria e a escalada de pressões sobre o Irã. Na Europa, a crescente
frustração popular, que agora também se estende às políticas da
centro-esquerda, por exemplo na França e na Itália. Nos EUA de Obama,
volta a retórica segundo a qual a América Latina é o “quintal” (pateo
trasero) dos gringos.
Na América Latina e Caribe, também fiquemos em alguns exemplos: a
direita venezuelana chegou perto de ganhar as eleições presidenciais de
14 de abril. Os Colorados retornaram ao governo do Paraguai, nas
eleições de 21 de abril (a esse respeito, ler nesta edição a entrevista
de Gustavo Codas). A Frente Farabundo Marti encabeça as pesquisas, mas
ainda está longe da maioria necessária para ganhar com tranquilidade as
presidenciais de fevereiro de 2014. De maneira geral, disputa políticas e
dificuldades econômicas dificultam a atuação de Brasil, Argentina e
Venezuela, países essenciais para o processo de integração regional.
Vai ficando evidente, para quem ainda duvidava disto, que os Estados
Unidos e as políticas neoliberais, mesmo em crise, seguem fortes o
suficientes para deflagrar uma contraofensiva que pode ameaçar as
conquistas introduzidas em nossa região desde as vitórias de Chávez
(1998) e Lula (2002).
É neste contexto que vão ocorrer nossas eleições presidenciais, em
outubro de 2014. Complica o cenário a postura do grande capital
brasileiro e de suas expressões políticas. No quesito investimento,
jogam na retranca, dizendo-se insatisfeitos com os níveis de emprego e
salário vigentes no país, culpando-os pelo baixo crescimento e pelo
risco inflacionário, mostrando que preferem arrocho e desemprego. Já no
quesito política, jogam no ataque, operando de maneira mais ou menos
articulada em diversas frentes.
Estimulam a divisão da base do governo, porque sabem que uma
candidatura Eduardo Campos, somada as candidaturas de Aécio Neves e
Marina Silva, vão conduzir a disputa presidencial ao segundo turno, onde
pretendem tirar a sorte grande. Ao mesmo tempo, desencadeiam forte
oposição midiática, operam através de seus representantes no Poder
Judiciário e promovem o reacionarismo de algumas igrejas e setores das
Forças Armadas e policiais.
Neste contexto, nossa tarefa não é apenas eleger Dilma Roussef, mas
também reeleger Dilma em condições de que ela possa fazer um segundo
mandato superior ao atual. Precisamos que seja como Lula em 2006, ou
seja, em condições de fazermos um segundo mandato superior ao primeiro.
Para tal, não podemos conciliar com aqueles que nos querem ver
derrotados, sob pena de ameaçarmos nossa vitória em 2014, retrocedermos
no segundo mandato e perdermos 2018.
Para que a vitória de 2014 seja tática e estratégica, ao mesmo tempo,
cabe ao Partido equacionar um conjunto de temas ideológicos,
programáticos, táticos e estratégicos, assim como organizativos. Esta
será, ou deveria ser, a pauta do PED 2013. Infelizmente, embora o
discurso seja este, a prática está conduzindo diversos setores do
Partido noutro sentido.
Já comentamos, no editorial da edição 119 que corríamos o risco de um
retrocesso nas regras que regulam o PED. Este retrocesso efetivamente
ocorreu: o Diretório Nacional aprovou novas regras, cujo sentido geral
visa aumentar o número de votantes, em detrimento da qualidade do
processo.
A mesma preocupação orienta diversas tendências partidárias, no
processo de montagem de chapas e escolha de candidaturas presidenciais.
Trata-se de garantir uma maioria numérica antes do debate, convertendo o
PED em espaço de homologação, não de construção das direções. O que,
como é óbvio, resultará num V Congresso que não jogará, nem de longe, o
papel de formulação programática, estratégica e tática desempenhado, por
exemplo, pelo V Encontro Nacional do PT (realizado em 1987).
Muito poderia ser dito e escrito a este respeito, em especial sobre o
deprimente malabarismo retórico que alguns setores “populares” e
“socialistas” fazem para justificar “programaticamente” alianças cujo
propósito é exclusivamente fisiológico. Mas deixemos isto para o balanço
posterior ao PED. A hora é de ir à luta, promover o bom debate
político, ganhar o apoio e o voto do petismo militante, de base,
socialista.
Quando se começa uma batalha, ninguém sabe o desfecho. Mas quem não
busca vencer, nunca alcança vitórias. É também por isto que, mais uma
vez, invocamos a Esperança Vermelha. Sem esperança, não há vitória. E
sem aquilo que a cor vermelha simboliza para nós, nenhuma vitória vale a
pena.
Os editores
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