Dizer que a categoria saiu
satisfeita com o crediário, com entrada de 10%, e os outros 24%
divididos em dois anos, oferecidos pela prefeitura de Natal, na
figura de Carlos Eduardo Alves, é no mínimo um equívoco
observacional, e factual. Mas há alguns pontos a analisar no último
movimento grevista, que merecem uma breve, e clara reflexão.
1- A intolerância da atual
gestão, que representada na pasta da educação pela também
professora Justina Iva, que se negou a reconhecer o débito com a
categoria, e no mais avançar do caso, se negou a receber em
determinados momentos. Lembrando em certos pontos, e momentos a
gestão da(s) borboleta(s). Que o senhor prefeito é conhecido por
manobras para ludibriar o servidor, todos já conhecem, mas a última
foi uma novidade. Pois uma consulta foi feita ao Tribunal de Contas
do Município, para se estudar a viabilidade da correção salarial.
Nas vésperas da greve iminente, o tom do discurso mudou, a gestão
saiu do “devo não pago, nego enquanto puder” para o “devo não
nego, e pago quando puder”, segundo está relatado nas folhas do
Extra classe
de junho de 2013. Se é que devemos chamar isso de evolução, com o
judiciário que temos no RN, considerado um dos mais conservadores do
Brasil.
2- Outro ponto a se observar,
é a postura das forças atuantes dentro do SINTE/RN. A oposição
retornou a sua velha irresponsabilidade. A proposta da prefeitura não
agradou, e nem agrada a grande maioria, mas a contraproposta da
oposição agradava muito menos, e foi uma dos reais fatores para o
grupo encerrar a greve, e retornar as atividades com 10% garantido no
mês de julho, e a diretoria sair cantando vitória, mas a mesma
tendo um gosto amargo para os professores. Sem falar no medo da
repetição da situação de 2012, quando saímos com as mãos
vazias. A categoria está saturada, e a cada dia mais desestimulada
com as atividades sindicais, exemplo maior, são os companheiros que
não aderem mais ao movimento grevista. Isso serve de alerta para o
movimento sindical.
3- Não é apenas de correção
salarial que se faz a pauta da educação em Natal. Outra
reinvindicação extremamente importante são as condições de
trabalho, onde muitas escolas estão com banheiros quebrados, salas
sem segurança, com sistemas elétricos e hidráulicos amostra, com
lixo, vegetação e animais peçonhentos nas dependências escolares.
Esse tópico precisa entrar na pauta da diretoria do SINTE/RN.
4- Correção salarial, os
professores da rede sofrem com uma defasagem de 34%, que em acordo
foi acertado para 10% em junho, e mais 4 parcelas, para 2014 e 2015.
A cidade de Natal tem um dos piores salários do RN, que por sinal
tem uma dos piores do Brasil. Diga-se de passagem que o governo do
estado, se adequou a lei do piso do magistério. Um dos argumentos
para debates em relação a situação salarial em todas as esferas
de servidores públicos, é a Lei de Responsabilidade Fiscal, sendo
que a mesma só é lembrada, e respeitada no quesito a melhorias do
quadro profissional. A LRF é totalmente esquecida quando se trata de
contratos de emergência, aumento salarial de vereadores e prefeitos.
A lei 11.738/2008 é um direto é não uma escolha dos gestores
municipais e estaduais.
Com toda certeza os problemas
do sistema educacional de Natal, são muito mais abrangentes do que
esse quatro tópicos brevemente explanados, mas os mesmos estão
evidenciáveis nos últimos anos. A categoria deve se organizar para
sair da letargia para construir um movimento não apenas grevista,
mas no pós-greve também.
Raphael Lima
é professor
da rede pública municipal de Natal e Secretário de Assuntos Sindicais da
JPT/RN.
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