terça-feira, 24 de setembro de 2013

Novo Tempo Natal - Tese



Diante do sol
retomamos o desafio
de dar as mãos
desfiar as linhas
e costurar de novo
as nossas bandeiras vermelhas
bordadas de estrelas.

Marcelo Mário de Melo


O Partido dos trabalhadores é uma construção coletiva. São 33 anos dessa construção, onde conseguimos superar muitos desafios: lutamos pela redemocratização, construímos um forte movimento de resistência ao neoliberalismo na década de 90, vencemos três eleições presidenciais e implementamos mudanças que melhoraram significativamente a vida do povo brasileiro. Depois de 10 anos liderando um governo de ampla coalizão, nossos desafios são ainda maiores, numa conjuntura marcada pela retomada da luta social.

As jornadas de junho demonstraram o sucesso das transformações moleculares (avanços e conquistas) implementadas na última década, capazes de formar uma nova geração de cidadãos que, acessando mais direitos e políticas públicas, nutriu novas expectativas e reivindicou mais avanços, mas demonstraram também os limites da política de conciliação de classes adotada pelo PT e a própria burocratização do partido, que desprivilegiou a disputa da sociedade civil em benefício de um pacto político estritamente congressual, num ambiente legislativo em que a direita ainda hegemoniza e impede o avanço das reformas estruturais.

São tempos difíceis que estamos vivendo, tão importantes quanto complexos e desafiadores. Seja para reafirmar projetos, resgatar princípios, mas também para corrigir os rumos do nosso Partido. Sabemos que o momento requer muita reflexão, discernimento e responsabilidade para fazer as mudanças necessárias e armar nosso partido para a dura disputa política que já está em curso. A luta política exige uma inquietude consequente. Algo que nos reanime e nos ponha em movimento. Afinal, foi assim que vencemos os grandes desafios que enfrentamos em 33 anos de história.

É imprescindível reatar os laços com nossa base social. Isto passa por retomar a capacidade dirigente do partido, nossa capacidade de intervenção nas lutas sociais ao lado de outros partidos de esquerda, do movimento sindical e dos movimentos populares.

Não podemos ter dúvida que nossa trajetória é vitoriosa, nem vacilar na defesa do nosso governo e da experiência que representamos. No entanto, nossos problemas não serão enfrentados se ficarmos vivendo do nosso passado glorioso ou sufocando qualquer tentativa de autocrítica. Precisamos pensar o Partido para os desafios futuros.

É preciso sacudir o pó e reinventar nossa ação política. Para uma nova realidade, novas respostas. Para isso é fundamental reafirmarmos nosso compromisso com o socialismo, romper com a acomodação e adaptação que vai afetando cada um de nós e ditando o ritmo da vida partidária. É uma luta cotidiana contra o excesso de pragmatismo, os hábitos e costumes da política tradicional que se instalam cada vez mais nas nossas fileiras e que geram desânimo, distanciamento, apatia e perda de referencial político.

É diante deste cenário de intensa luta política e social que realizaremos mais um Processo de Eleições Diretas (PED). É o momento que o partido terá de eleger suas novas direções e de construir uma estratégia, uma política de alianças e um modelo de funcionamento adequado à atual conjuntura política.

É esse conjunto de questões que queremos debater no PED com a militância do PT natalense. Somos aqueles e aquelas que, a despeito do processo de degeneração, não abriremos mão de debater com a militância petista nossas propostas para fortalecer o PT. É isso que vamos fazer no PED 2013. Iremos apresentar uma plataforma para dirigir o PT nos próximos quatro anos.

Em Natal, capital do único estado governado pelo Democratas no Brasil, o PT enfrenta grandes desafios para se consolidar enquanto alternativa política, tanto no que diz respeito à sua capacidade de intervenção nas lutas sociais quanto no que diz respeito ao sonho coletivo de transformar em realidade o modo petista de governar.

Ousadia não faltou para apresentar à população natalense quadros importantes de nosso partido para governar a cidade de Natal, desde a candidatura de Júnior Souto a prefeito em 1992; passando pelas candidaturas de Fátima Bezerra em 1996, 2000, 2004 e 2008; até a recente candidatura de Fernando Mineiro em 2012. São duas décadas de disputas ininterruptas, que demonstram que a defesa de candidaturas próprias do PT nunca foi patrimônio de nenhuma tendência interna do partido, mas sim um sonho coletivo que o conjunto do partido ainda não foi capaz de transformar em realidade, o que demonstra claramente que precisamos de mais partido, de mais disputa política e ideológica, de mais articulação política com os partidos que compõem nosso bloco estratégico em nível nacional, de mais militância política nos anos pares e essencialmente nos ímpares.

Somos um diretório municipal com aproximadamente dois mil filiados, com aproximadamente mil filiados aptos a votar no Processo de Eleições Diretas, mesmo depois da recente tentativa de organização dos diretórios zonais, que tentam dar vida orgânica ao partido em cada zona da cidade. Não precisamos ser um partido de milhares de filiados, mas necessitamos ser um partido de milhares de militantes.

É preciso realizar um trabalho coletivo e cotidiano de construção partidária, que prepare nosso partido para os enormes desafios que temos pela frente, em especial 2014. A próxima direção do partido tem que ser construída com mais diálogo, compromisso, sem sectarismo e aceitando o desafio fundamental de fazer com que o PT seja protagonista na cena política municipal e estadual.

Somos aqueles e aquelas que, obtendo a confiança e o voto da maioria dos petistas de Natal para coordenar e organizar o PT natalense durante os próximos quatro anos, não renunciaremos aos compromissos assumidos no debate que estamos propondo ao conjunto da militância no PED 2013, não renunciaremos à tarefa de dirigir com entusiasmo, disposição militante e convicção política o Partido dos Trabalhadores.

Queremos convocar cada filiado e cada filiada a construir conosco o PT e a cidade que queremos, mas para tanto sabemos que é necessário que exista um partido minimamente organizado, dinâmico, vivo e capaz de conquistar corações e mentes para um projeto político a ser construído coletivamente, junto aos movimentos populares e nas instâncias de base de nosso partido. Um caminho conectado ao nosso projeto nacional, mas que também reflita os anseios da militância petista e da sociedade natalense.

Fortalecer o Partido em nossa cidade passa por realizar com êxito um movimento interno e outro externo.

O movimento interno passa por:
*organizar e estruturar os diretórios zonais, as secretarias, setoriais e núcleos de base do partido, garantindo as mínimas condições políticas e estruturais para que possam ter vida orgânica;
*implantar uma política de comunicação capaz de manter a militância informada sobre nossas atividades, fatos políticos relevantes e de socializar materiais formativos, mas também de expor o posicionamento do PT sobre temas relevantes para a população da cidade, permitindo que façamos a disputa de opinião cotidiana nas ruas, nas redes sociais e na imprensa tradicional;
*priorizar política e financeiramente um programa de formação política para novos filiados e para formação de quadros; debater a inserção da militância do partido nos movimentos sociais, realizando um encontro anual que permita o debate interno, bem como o debate entre a militância do PT e os movimentos com os quais dialogamos, de forma a construir agendas comuns e de intensificar a disputa política e ideológica;
*fortalecer a auto-organização das mulheres petistas através do fortalecimento do Setorial de Mulheres, para que possamos ter cada vez mais companheiras intervindo nas instâncias partidárias, nos movimentos sociais e na disputa institucional, na contramão da cultura machista ainda hegemônica na sociedade;
*fortalecer a organização da juventude petista natalense através do fortalecimento da secretaria municipal da juventude do PT, garantindo as mínimas condições para que a instância tenha vida orgânica, realize atividades de formação política, festivais de arte e cultura, dentre outras atividades que contribuam para que a JPT dispute corações e mentes da juventude natalense.

O movimento externo passa por manter diálogo contínuo com os partidos do campo democrático e popular, pela intervenção qualificada do partido nos espaços institucionais e nas lutas sociais, para que o PT se referencie e se viabilize enquanto alternativa política para aqueles e aquelas que desejam tomar partido, bem como para aqueles e aquelas que desejam que a cidade seja administrada com eficiência, transparência, planejamento estratégico e participação popular. Para que o partido possa dar conta dessas tarefas é preciso ter uma direção política sintonizada e com capacidade de enfrentá-las. Ou seja, o PT de Natal precisa de um enorme esforço coletivo nos próximos anos e de uma direção partidária que esteja à altura desse desafio. Uma direção que priorize a construção partidária; que dialogue com todas as correntes do partido, inclusive com os militantes que não se organizam no interior de nenhuma tendência, perseguindo a síntese dialética dos variados anseios e formulações; que esteja presente nos movimentos sociais e que não tenha medo de inovar. 

Para coordenar este processo o Movimento PT, a Esquerda Popular Socialista, o Campo Democrático Popular, a Brasil Socialista, a Articulação de Esquerda o Movimento Ação e Identidade Socialista e vários outros militantes que constroem o Partido dos Trabalhadores apresentam a chapa Novo Tempo Natal e o nome de Gilderlei Soares para presidente do Diretório Municipal do PT.

O companheiro Gilderlei Soares é professor da rede pública. Formado na tradição marxista e socialista, é atual secretário-geral do PT, tendo também cumprido tarefas no Coletivo Estadual de Formação Política e no Setorial de Educação do PT. A eleição de Gilderlei Soares significa um novo tempo para o PT natalense, de mais militância, mais articulação política, mais inovação e mais ousadia.

A chapa Novo Tempo Natal agrega um conjunto de militantes petistas que acredita ser possível construir um novo PT em nossa cidade e estão dispostos a lutar por esse sonho coletivo. Se você também quer fazer parte desse time, vem conosco. Nossos sonhos são de todas as cores, mas nossa esperança é vermelha!

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