sábado, 14 de dezembro de 2013

Desafios para a Juventude do PT em 2014

Por Diego Pitirini e Jonatas Moreth*

Definitivamente, o ano de 2013 exigirá de nós petistas muito debate e reflexão. Em um ano que fomos sistematicamente atacados pela direita conservadora capitaneada pelo judiciário e com transmissão ao vivo pela grande mídia, também vimos às ruas serem tomadas por centenas de milhares de pessoas durante as conhecidas “jornadas de junho” exigindo a construção de uma nova política e melhorias nos serviços públicos, com maior ênfase para mobilidade urbana, saúde e educação.

Ainda sobre as jornadas de junho cabe um destaque: neste país em mudança, uma nova geração de jovens entra em cena. Contrariando o senso comum conservador de que a juventude é apática e despolitizada, acompanhamos o surgimento cada vez maior de novas redes e formas de participação da juventude. No trabalho, nos estudos ou mesmo conectada ao mundo a partir da internet, percebemos na ação comunitária, nas redes sociais ou nas marchas e movimentos juvenis, uma atuação coletiva cada vez mais diversificada.

No entanto, estes novos atores, não foram às ruas tendo o PT como referência principal. O PT, mesmo com quase 30% da preferência do eleitorado nacional, tem perdido apoio nas novas gerações. Para grande parte dos jovens, o partido já é visto como igual aos demais partidos tradicionais. A crescente institucionalização, o refluxo do debate ideológico e a ausência de discurso e diálogo com os movimentos juvenis reforçam este estigma.

A nossa geração – em um outro período do partido e do País – é desafiada, da mesma forma que a geração que fundou e construiu o PT, a exercer seu protagonismo e ousadia. Quanto a este desafio o PED recém findado pouco ou nada contribuiu. Burocratizado, trazendo para dentro do PT os vícios das eleições gerais, raros debates e baixo envolvimento da militância de base não teve grande protagonismo da juventude.

Olhando estrategicamente, perdemos uma grande oportunidade de nos prepararmos para os enormes desafios do próximo período. Enfrentaremos uma das eleições mais difíceis de nossa história; provavelmente disputaremos em manifestações de rua as pautas de transformação do país; a mídia intensificará a campanha para nos derrotar e precisamos recuperar para o nosso projeto uma grande parcela da juventude que não mais deposita em nós suas esperanças e aspirações por mudanças.

Tudo isso exige que nesse pós PED a Juventude do PT inicie uma dupla ofensiva: uma interna e outra externa. A interna é a de fazer que em cada canto do Brasil o PT entenda a importância de dialogar com as atuais gerações com um programa radical de transformações e não apenas para convencê-las que somos melhores gestores que os tucanos. A segunda é conseguir ser força dirigente no movimento social da juventude em curso no país.

Diferente do que muitos disseram a maioria dos jovens que foi as ruas em junho e que deve voltar é filhos de uma classe trabalhadora em ascensão, portanto base social do programa democrático e popular e possível de ser convencida do socialismo. Ou seja, a JPT terá que mostrar que é dirigente e que não é só 20 %.

Em face destes desafios, é imprescindível que a Juventude do PT tenha um espaço de debate, planejamento, atualização da política e renovação de seus quadros dirigentes que irão conduzir a JPT neste novo cenário. Diante disto, condenamos taxativamente a decisão do Diretório Nacional do PT, que acatando interesses menores e personalistas de parte da juventude, adiou para o longínquo 2015 a realização do III Congresso da JPT.

Para além do já exposto, a não realização do III ConJPT imediatamente tem um agravante: a transição na juventude é muito mais intensa e rápida do que no restante do conjunto do partido. Ciente deste fenômeno que aprovamos no II ConJPT que as direções seriam renovadas de dois em dois anos. Isto se agrava nos municípios. Não são poucas as direções municipais da JPT em que a maioria de seus dirigentes não é mais jovem ou não milita mais na juventude.

Ao ser fundado, o PT promoveu um grande encontro entre a geração de jovens que lutou contra ditadura e a jovem classe trabalhadora presente nas mobilizações da década de 70 e 80. Reuniu sonhos e muita luta daqueles e daquelas que dedicaram e dedicam sua vida à transformação da sociedade e ao fim da opressão e da exploração do homem pelo homem. Hoje, tem toda uma geração de jovens que questionam a capacidade do PT de se reinventar e ser o partido transformador e porta-voz da indignação social e política.

Para reverter este cenário, precisamos reconstruir o trabalho com os jovens como prioridade de todo o partido, passando a contar com uma forte organização de juventude. Uma juventude militante e de massas, com autonomia e capacidade de organizar a base social petista entre os jovens, compreender e viver a realidade da juventude e atuar junto ás diversas manifestações juvenis.

* Diego Pitirini é é coordenador de Movimentos Sociais da JPT/RS

*Jonatas Moreth é coordenador nacional de Movimentos Sociais da JPT

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